Free cookie consent management tool by TermsFeed
Notícias

Auditoria: Nova entidade vai defender interesse de pequenas e médias


Data: 26 de agosto de 2011
Fotos:
Créditos:


Um grupo de auditores independentes - profissionais que fiscalizam os balanços de companhias - formalizou ontem, em Gramado (RS), um acordo para criar uma nova associação de classe nacional.

Um dos objetivos da Associação Brasileira das Empresas de Auditoria Independente será "defender os interesses dos auditores brasileiros, em especial as médias e pequenas de auditoria independente", diz o documento que será enviado para todas as firmas registradas nos conselhos regionais de contabilidade.

A iniciativa partiu de cerca de oito empresas de médio e pequeno portes, entre elas Martinelli, de Joinville (SC); Alonso, Barreto & Cia, de São Paulo; Fernando Motta & Associados, de Belo Horizonte; Directivos, do Recife; e Nardon, Nasi, de Porto Alegre.

A carta também afirma que nos últimos anos "ocorreu uma forte concentração no mercado de auditoria" no mundo "e difundiu-se, equivocadamente, (...) que tamanho e nome internacional são sinônimos de qualidade, segurança e competência, criando uma concentração de serviços notoriamente prejudicial ao crescimento da atividade (...)".

O mais recente levantamento feito pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostra que das 505 companhias com registro na bolsa de valores, 306, ou 60%, são auditadas por Deloitte, PwC, Ernst & Young Terco e KPMG, as chamadas "Big Four".

A concentração é ainda maior entre as 200 maiores empresas por valor de mercado, como mostra um estudo do Valor: apenas uma era auditada por uma firma fora do grupo das quatro.

"Não queremos brigar com as grandes", adianta-se Antonio Carlos Nasi, sócio da Nardon, Nasi, em entrevista por telefone. "Aliás, elas serão bem-vindas na associação."

Atualmente, a principal entidade do setor é o Instituto dos Auditores Independentes (Ibracon), além do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Nasi diz que não se trata de uma dissensão. "Vamos continuar filiados ao Ibracon, que é um órgão técnico de pessoas físicas", diz. "A nova associação tem um caráter diferente."

Segundo ele, a entidade vai cuidar de temas técnicos como treinamento, controle de qualidade e regulação, mas também vai buscar mercados, divulgar a profissão e fazer lobby. "Há mercados ainda inexplorados, como as organizações não governamentais e as entidades sem fins lucrativos", diz.

A associação pretende confrontar a prática de bancos e empresas de exigir, às vezes de forma dissimulada, a auditoria das quatro grandes.

Nas conversas iniciais, o grupo identificou cerca de 20 firmas, entre as 356 registradas na CVM, que fizeram esforços para treinar pessoal e atualizar os sistemas, principalmente por conta da adoção das normas internacionais de contabilidade e de auditoria no país.

"Essas empresas arcaram com o ônus, mas ainda não tiveram o bônus", diz Nasi, referindo-se às barreiras comerciais.

Até o momento, 34 firmas já se cadastraram, um número que poderá chegar a 100, nas estimativas de Nasi.

Uma assembleia será convocada até o fim de setembro para eleger no mês seguinte o conselho de administração, que, então, nomeará a diretoria executiva.

O local da nova entidade não foi definido. "Estamos pensando em ter uma sede itinerante", diz.

 
 
Fonte: Valor Econômico / Por Nelson Niero

© Copyright 2022 - Direitos reservados