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Pequenos negócios podem render grandes lucros


Data: 17 de junho de 2013
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Maurício Souza deixou o emprego para vender churrasquinho e hoje a Maurício Espetinhos comercializa 200 quilos de carne por semana ( Beto Novaes/EM/D.A Press)  
Maurício Souza deixou o emprego para vender churrasquinho e hoje a Maurício Espetinhos comercializa 200 quilos de carne por semana

 

Pequenas empresas que iniciaram suas atividades com investimentos mínimos mostram que é possível crescer em terra de gigantes. É o que revelam exemplos como os de Ivanilson Andrade Rangel, Maurício Souza Silva, Frederico Amorim e Maria José de Lima Freitas, que engordam a fila dos negócios promissores em Belo Horizonte e no estado. Ivanilson, dono da Rangel Indústria e Comércio de Mármore, começou com um caixa zero. Maurício com R$ 200. Frederico com R$ 35. Maria José começou comprando fiado e no primeiro dia lucrou R$ 20.

 

 No Brasil, 69% das pessoas que abrem um novo negócio o fazem porque vislumbraram uma oportunidade no mercado, contra 31% dos que tomam essa iniciativa porque precisam de uma renda para sobreviver. Em Minas, 71% dos pequenos negócios começam por oportunidade e 29% por necessidade, mostra a Pesquisa Gem – Empreendedorismo em Minas Gerais/2012, elaborada em conjunto pelo Sebrae Minas e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).

 

 Para Mariano de Matos Macedo, professor de economia da Universidade Federal do Paraná, o que está levando os pequenos negócios para a frente no país é o dinamismo do mercado interno e as políticas públicas de transferência de renda. “Ando pelas periferias e vejo muitos pequenos negócios surgindo e dando certo. Isso, antes, era inimaginável. Primeiro, eles atendem a demanda local, depois a vizinhança. Uma das características dos empreendedores é a coragem”, analisa.

 

Sem nem um centavo, Ivanilson Andrade Rangel começou a comprar e vender mármore e hoje tem uma mamoraria com 27 empregados ( Beto Novaes/EM/D.A Press)  
Sem nem um centavo, Ivanilson Andrade Rangel começou a comprar e vender mármore e hoje tem uma mamoraria com 27 empregados

 

Coragem foi uma qualidade que não faltou para Rangel, da Rangel Indústria e Mármore, iniciar suas atividades no ramo da marmoraria. “Quando comecei, em 1990, não tinha onde cair morto”, reconhece. Ele lembra que como estava sem dinheiro para investir e nem contava com apoio financeiro da família, que não tinha condições para isso, a saída era comprar as pedras de mármore no interior, negociar um desconto para pagamento em 30 dias, e revendê-las em Belo Horizonte a um preço um pouco maior. Eram quatro sócios: ele, o irmão e dois primos.

 

 Os quatro compravam mármore aurora pérola, muito usado nas construções da época, em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, na Região Central do estado. “Foi o meu trampolim. Eu trabalhava numa multinacional, depois pedi demissão, vendi um apartamento e montamos a marmoraria. Fomos caminhando devagar, a gente mesmo buscava o material na pedreira, cortava, entregava. A gente fazia tudo”, afirma. Hoje, os primos saíram do negócio e o irmão ficou com a marmoria de Cachoeira do Campo. “Só em Belo Horizonte são 27 funcionários e um bom nome na praça. Para começar um negócio você precisa ter coragem”, resume.

 

 Na brasa Maurício Souza e Silva é dono do Espetinhos do Maurício, no Aglomerado da Serra. Atualmente, ele e sua mulher faturam R$ 3,2 mil cada um com o negócio, que começou com um investimento de R$ 200 e um pedido de demissão. Silva trabalhava com carteira assinada e recebia um salário mensal de R$ 720. Isso significa que, ao se transformar em dono do seu próprio negócio, sua renda individual aumentou mais de quatro vezes. Tudo começou quando ele e a mulher, Josiane Alves Pereira, resolveram pôr uma mesa em frente à porta de casa para vender churrasquinhos. O movimento, bom no início, começou a cair, e então a dupla resolveu mudar o negócio para uma outra rua do mesmo bairro. Em seguida, os dois conseguiram uma barraquinha, que dali em diante passaram a montar e desmontam diariamente.

 

 Entre colocar a mesa de churrasquinhos em frente de casa e conseguir uma barraquinha para vendê-los, trocando de endereço, os dois levaram apenas dois meses. “A gente começou brincando e depois tudo foi dando certo”, diz Maurício, que pediu demissão do emprego para tocar o negócio. De acordo com ele, foi muito fácil começar, porque seu pai tinha um bar e emprestou a chapa e o botijão para as primeiras investidas.

 

 Em seguida, com a aquisição da barraca, eles passaram a montá-la nos eventos realizados no aglomerado, como rodeios e festas. “Devolvi a chapa e comprei uma maior”. Depois, o movimento cresceu ainda mais e o pequeno empresário teve que comprar outras duas chapas. Em maio de 2011, a empresa foi formalizada e uma pequena fábrica foi construída. No total, a Espetinhos Maurício vende 200 quilos de carne por semana. “Não tínhamos casa. Agora construímos num lote e também temos a fábrica. Já estamos investindo em freezer e maquinário. Estamos reinvestindo o que faturamos”, explica.

 

 Na avaliação de Ricardo Luiz Alves Pereira, gerente de Educação e Empreendedorismo do Sebrae Minas, o empreendedorismo por necessidade cresce mais do que o por oportunidade, o que não impede que o empresário que abriu um negócio por necessidade aproveite as chances que se apresentam para crescer.

 

 Fonte de renda e de ascenção

 Frederico Amorim formalizou a Mix Lanches, que faz delivery de sanduíches naturais para a hora do lanche, em janeiro deste ano. Mas tudo começou quando, depois de levar um prejuízo junto com o irmão e de montar uma lan-house que teve todos os equipamentos roubados, resolveu vender palha italiana no Morro das Pedras, onde mora, em Belo Horizonte. O investimento inicial foi de R$ 35 na compra de leite condensado, chocolate e biscoito maizena. Em seguida, ele promoveu uma degustação numa escola de ensino médio na comunidade. “Fui vendendo e reinvestindo”, explica.

 

 Hoje, as palhas italianas viraram um acessório do negócio do jovem, que comercializa cerca de 150 sanduíches ao dia. “Vi uma oportunidade na região da cidade onde estão localizados os shoppings Oiapoque e Xavantes. As pessoas chegam lá muito cedo e vão embora tarde. Por isso, queriam lanchar algo que as alimentasse mais do que doces. Aí surgiu a ideia do sanduíche natural”. Foi vendendo e abordando os clientes na rua que ele conheceu seu sócio, que trabalha com informártica.

 

 Com ideias parecidas, os dois resolveram profissionalizar o negócio. Fizeram a marca da empresa, desenvolveram o site, ampliaram a clientela para as pessoas que trabalham em concessionárias nas avenidas Barão Homem de Melo, Raja Gabaglia e Silva Lobo, estão desenvolvendo um aplicativo de cartão de crédito para smartphone e mantêm toda a movimentação financeira do negócio nas nuvens (cloud computer). “Hoje, já me vejo fora do risco social e, além disso, dou oportunidade de trabalho para pessoas que moram perto de mim. É um jeito de mostrar a elas que existem outros caminhos”, observa Frederico Amorim.

 

 Fiado como capital Outra empresa que começou literalmente do nada e hoje emprega 22 pessoas foi a Mazé Doces Artesanais, de Carmópolis de Minas, no Centro-Oeste do estado. Sem dinheiro e desempregada, em 1999, a proprietária, Maria José de Lima Freitas, teve que comprar fiado leite, açúcar, amendoim e um tacho para sair às ruas e garantir o seu sustento. O lucro do primeiro dia foi de R$ 20 e serviu para comprar novos ingredientes destinados ao preparo de mais doces, que eram vendidos nas ruas da cidade. Desafiada por um cliente a fazer doces de frutas cristalizadas, ela fez cursos e se preparou.

 

 “Fiz uma dívida de R$ 5 mil, com juros de 5% ao mês. Era muito custosa. As receitas davam errado. Levei três anos para pagar”, lembra. A persistência deu certo. No final de 2003, Maria José conseguiu o seu primeiro cliente para os doces cristalizados e, no ano seguinte, a empresa, que já tinha dois empregados, deslanchou. De lá para cá, ela calcula que o faturamento “cresceu mais de mil por cento”. Maria José conta que sempre teve vontade de fazer e acontecer, mas reconhece que a dificuldade fez com que esse desejo aflorasse com mais força. “Sem o meu desejo, seria impossível o negócio prosperar. A vontade de um empreendedor tem que ser superior às suas necessidades”, ensina. (ZF)

 

Fonte: Estado de Minas

 

 

 

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