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Inflação paralisa investimentos de pequenas empresas


Data: 15 de julho de 2013
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O principal efeito da inflação sobre os negócios de pequenas e médias empresas tem sido impedir a realização de novos investimentos.

É o que dizem 36,6% dos empreendedores entrevistados por pesquisa trimestral feita pelo Insper em parceria com o Santander, que mede as expectativas dos empresários em relação à economia.

A enquete, conduzida desde 2008, teve pela primeira vez uma pergunta específica sobre o impacto da inflação, que foi incluída a pedido da Folha.

A paralisação de investimentos provocada pela alta de preços foi o efeito mais citado por empresários dos três setores pesquisados (serviços, comércio e indústria).

"Esse não é um bom sinal. Indica que o investimento, que é crucial para a retomada da economia, não vai reagir tão cedo", afirma o economista José Luiz Rossi Júnior, do Insper.

Segundo Rossi, consumidores e empresários associam inflação mais elevada a um cenário de instabilidade.

"A inflação é ruim porque corrói renda e lucros, mas também porque é associada a incerteza e descontrole de política econômica."

Aristides Malva Filho, dono do restaurante Casa Malva, na capital paulista, conta que desistiu de ampliar seu estabelecimento, alugando uma casa ao lado, por causa da inflação.

A alta de preços reduziu sua margem de lucro entre 15% e 20% nos últimos doze meses.

"Essa redução forte de margem de lucro diminui a capacidade de ampliação e de investimento", afirma.

Segundo o empresário, a redução no preço da energia elétrica não compensou o encarecimento de outros itens, como aluguel, salários e alimentos.

"Estou paralisado com essa situação. Acho que a inflação tem esse efeito sobre as pessoas, reduz a segurança em relação ao futuro."

MAIS PRESSÃO

As pressões inflacionárias ganharam fôlego nos últimos meses.

Em junho, a inflação medida pelo IPCA atingiu 6,7% em 12 meses, estourando pela segunda vez neste ano o teto da meta de 6,5% estabelecida pelo governo.

A tendência levou o Banco Central a subir os juros três vezes em 2013. A última alta ocorreu na semana passada, quando a taxa básica Selic foi elevada de 8% para 8,5% ao ano. Mas a percepção de economistas e empresários é a de que o Banco Central demorou a reagir à alta de preços.

REPASSES

Entre os 1.297 empresários entrevistados para a pesquisa, 28,8% apontaram o aumento dos preços de venda como o maior impacto da inflação sobre os negócios.

A não contratação ou demissão de funcionários e a redução das margens de lucros foram, respectivamente, a terceira e a quarta respostas mais escolhidas.

Apenas 8,4% dos entrevistados em todo o país indicaram que a inflação não teve efeito sobre sua atividade.

O resultado completo do Índice de Confiança do Empresário de Pequenos e Médios Negócios no Brasil (IC-PMN), calculado a partir da pesquisa do Insper em parceria com o banco Santander, será divulgado amanhã.

 

Aumenta pessimismo entre os microempresários

A parcela de micro e pequenas empresas paulistas que esperam piora da situação econômica nos próximos seis meses mais do que dobrou entre maio e junho, passando de 10% para 23%.

O resultado foi detectado pela última pesquisa de conjuntura mensal feita pelo Sebrae-SP, à qual a Folha teve acesso com exclusividade e que será divulgada hoje.

O levantamento aponta para continuação do aumento do faturamento das micro e pequenas empresas em maio.

Mas, segundo Bruno Caetano, diretor-superintendente do Sebrae-SP, isso não significa que a conjuntura seja favorável ao setor produtivo."Elas estão faturando mais, mas seus custos estão crescendo barbaramente."

Segundo Caetano, a inflação e a fraqueza da atividade econômica no país contribuíram para o salto do pessimismo dos empresários.

As micro e pequenas empresas respondem por 52% dos empregos formais do país e 25% do PIB, segundo o Sebrae. Por isso, são consideradas um importante termômetro da atividade econômica.

Segundo Aristides Malva Filho, dono do restaurante Casa Malva, o repasse do aumento dos custos para os preços tem ocorrido com maior frequência.

"Antes eu conseguia esperar um ano ou até mais antes de reajustar. Esse espaço de tempo caiu para seis meses."

Malva Filho diz que tem repassado apenas parte da elevação dos preços para não afastar os clientes. "Sei que a inflação também está reduzindo a renda deles."

Segundo ele, um sinal de que os consumidores estão mais apertados é o aumento do uso de cartão de crédito para pagar a conta. (ÉRICA FRAGA)


Fonte: Folha de S.Paulo

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